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Decoração, pois !

  • veca
  • 15 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de mar. de 2022

É uma paixão de longa data, a decoração.

No tempo em que comecei a dar por ela, faziam-se grandes e significativas mudanças, por cá e restante espaço europeu. Estávamos nos anos 60 e 70. Entre as diversas revelações e implementações do pós-guerra, penso que o design foi uma das mais significativas.

Não vou fazer repescagens de nomes famosos. Acho fastidioso e monótono. Irão aparecer aqui, com certeza, a pouco e pouco. Hoje fica um pequeno aperitivo que, além de nos providenciar um relance pelas peças fabulosas dos anos 60 (muitas das quais estão hoje novamente acessíveis no mercado, pelo facto de estarem a ser reeditadas, ou copiadas), nos brinda com a música relax, que se ouvia, na altura, nos halls de entrada e em bares de hotéis, pubs, etc.


https://www.youtube.com/watch?v=z4-swbajYY8&list=RD7lzjQQTnkAU&index=9

Mas o desabrochar decorativo não veio sòzinho: acompanhava a arquitectura da época, ocupada a mostrar que não estagnara com a obra quase iniciática de Le Corbusier, e que florescia animadamente por todas as capitais europeias. É hábito bem português (de que também sofro, por vezes) chegar a este ponto e relançar os olhos ao céu, lamentando não termos acompanhado. Mas não é o caso. Acompanhámos. E muito bem, a meu ver. Anos 60 e 70, exactamente! Em pleno Estado Novo. Pois é !

Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas, A. Pinto de Freitas, Vasconcelos Esteves, Bartolomeu Costa Cabral, R. Hestnes Ferreira, Manuel Taínha, José Santa-Rita. E mais. Aqui, sim, vale a pena citá-los, por que lhes devemos a concepção e o traço dos Olivais (Norte, Sul e Encarnação).


Plano urbano, Olivais 1961-68 - Olivais Norte, na foto (de Filipe Jorge)


As bonitas fotos que se seguem são de Renata Macedo de Sousa.












































Ora, essa é boa! mas não era de decoração que eu falava ?

Nem de propósito...



AH, UM SONETO...



Meu coração é um almirante louco


que abandonou a profissão do mar

e que vai relembrando pouco a pouco

em casa a passear, a passear...


No movimento (eu mesmo me desloco

nesta cadeira, só de o imaginar)

o mar abandonado fica em foco

nos músculos cansados de parar.

Paquete Vera Cruz, sala de jantar

Há saudades nas pernas e nos braços.

Há saudades no cérebro por fora.

Há grandes raivas feitas de cansaços.


Mas – esta é boa! – era do coração

que eu falava... e onde diabo estou eu agora

com almirante em vez de sensação?...



Fernando Pessoa, in Presença, Fev. 1932


Este fluir do pensamento, o meu e o pessoano, convocam outras presenças em semelhanças de ideias, de pontos de vista. Um dos que mais recentemente chegaram ao meu conhecimento, que me mantém na dúvida sobre a explicação para a quantidade de afinidades que nele encontro (uma sensibilidade estética próxima, uma curva de vida com tendências semelhantes, ou apenas, o espírito do tempo ?), tinha que estar presente:

https://www.youtube.com/watch?v=lufVOqRWpLQ&t=3707s

Sim, isto tem todo um peso que não posso deixar de sublinhar aqui. O casamento entre arquitectura e decoração é uma relação inequívoca, estreita e, se bem aproveitada, colhe os melhores frutos para ambas as artes. Bom exemplo desta afirmação, o que ocorreu com a concepção, execução e decoração do Hotel Ritz, em Lisboa, inaugurado no fim de 1959. Obra final da vida do arq. Pardal Monteiro que a concebe e apresenta, desenvolvida depois por uma grande equipa de arquitectos, engenheiros e artistas decorativos de várias áreas.


Vale a pena ver a sua história:

e, já agora, seguir com uma Visita Guiada, para aproveitar de maior detalhe explicativo e de fruição daquele que é, quanto a mim, um museu vivo do Modernismo português: https://www.rtp.pt/play/p2366/e263862/visita-guiada


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